A localização e a configuração geográfica do Piauí tornam o estado, ao lado da Bahia, importante ponto de passagem para os narcotraficantes que desejam levar drogas de vários países da América do Sul para a Europa e até para os Estados Unidos. A Polícia Civil e a Polícia Rodoviária Federal explicam como o transporte acontece e qual o trabalho da polícia diante dessa situação.
Para o superintendente da PRF no Piauí, Stênio Pires, um outro fator acaba reforçando a presença dos traficantes pelo Sul do estado: a baixa fiscalização.
“Tínhamos até o início do ano apenas um posto em um percurso de cerca de 800 km de estradas federais no Sul do Estado. A ausência de patrulhamento constante fez com que os traficantes utilizassem o estado como rota pra tentar sair do Brasil e pra chegar ao Nordeste. Agora, depois do concurso, foram efetivados 44 policiais e 30 foram enviados a essa região. Contudo, ainda temos poucos postos”, explicou.
O tráfico de drogas está previsto na lei 11.343, de 2006 e consiste em “importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar”.
A pena é de reclusão de cinco a 15 anos e pagamento de R$ 500 a R$ 1.500 dias-multa.
Localização importante
Observando o mapa do Brasil, é possível ver que o Piauí e a Bahia “fecham” as fronteiras do Nordeste, onde estão localizados alguns dos principais destinos turísticos do país e os portos mais próximos da Europa, como Fortaleza, Natal e Recife.
As drogas, como a cocaína e o crack oriundos da Bolívia e da Colômbia, assim como a maconha normalmente oriunda do Paraguai, passam pelo estado para chegar ao mar, por onde segue para o mercado europeu.
“Essas grandes apreensões no estado mostram que o Piauí é uma rota para estados com portos e sempre acontecerá isso porque obrigatoriamente passam por aqui. Mas conseguimos mapear e apreendemos cada vez mais drogas, mais armas e fizemos cada vez mais prisões”, descreveu o delegado Cadena Neto, titular da Delegacia de Prevenção e Repressão a Entorpecentes (Depre), especializada no combate ao tráfico de drogas no estado.
Ele diz que apesar de as grandes quantidades de drogas, de forma geral, serem apreendidas no Piauí apenas “de passagem”, a demanda no estado existe em praticamente todos os municípios piauienses e mesmo quando a apreensão é considerada pequena, demonstra o poder de atuação dos traficantes.
“Só a cidade de Fortaleza tem de habitantes toda a população do Piauí. Lá é maior, mas o Piauí tem mercado consumidor de maconha ou crack, o crack devastou o Brasil. Quando vamos a Parnaguá (a 825 km de Teresina, cerca de 10 mil habitantes), São João do Arraial (180 km de Teresina, cerca de 8 mil habitantes), não é grande quantidade a quantidade de droga, mas uma cidade dessas com 40, 50 pedras de crack, a droga devasta a cidade, a população vê que tem mais assaltos, pra pessoa manter o consumo, tem mortes devido principalmente ao não pagamento do consumo”, disse o delegado.
Fonte: G1